segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Equilíbrio e estabilidade

O conceito de equilíbrio está sustentado na questão da igualdade de alguma variável. Segue também a primeira lei de Newton, que diz que nada muda de posição até que uma força maior modifique este estado, ou seja, quebre a inércia. Desta forma, equilíbrio poderia ser representado para movimentos lineares e angulares.
Por estar mais ligado aos movimentos angulares, poderemos assumir algumas condições, tendo em vista que poderemos ter dois tipos de equilíbrio:

· Estático
· Dinâmico

Para que consideremos um corpo em equilíbrio estático, as considerações a serem tomadas estão de acordo com:

1. A soma de todas as forças verticais ao redor de um sistema deverá ser igual a zero.
2. A soma de todas as forças horizontais que atuam sobre o sistema deverá ser igual a zero.
3. A soma dos momentos de força e torques deverá ser igual a zero. Podemos então afirmar que em um sistema de alavanca, quando não há movimento, este obedece a condição de equilíbrio estático, pois os momentos de força se equivalem nos dois sentidos o movimento: Como cada força de um sistema de alavanca tende a rodar e um sentido contrário a outra força, caso o sistema não se movimente para lado nenhum, diremos que este está em equilíbrio.
Quando estamos nos movimentando, ainda possuímos algum tipo de equilíbrio ou estabilidade nas tarefas. Este então é considerado equilíbrio dinâmico. Para entender melhor esta questão, vamos expressar as equações para esta condição: Tg, equivale ao torque ao redor do centro de gravidade. O I, é o momento de inércia e a , é a aceleração angular do corpo.

Quando estamos na posição bípede, estamos em equilíbrio dinâmico, mesmo que para os olhos das pessoas parecemos parados. Uma maneira de se verificar isto é com a utilização de equipamentos específicos, como a estabilografia. Este equipamento identifica as oscilações do centro de gravidade identificando as acelerações e conseqüentemente se estima os torque ao redor do eixo.

Quando permanecemos por longo período de tempo em bipedestação, poderemos estudar a postura irrestrita por longo tempo. Em condições de trabalho e nas atividades da vida diária, é comum as pessoas permanecerem em pé por longo tempo confinadas à uma pequena área. Na postura bípede natural, as pessoas usualmente adotam posturas assimétricas e tendem a mudar a posição do corpo periodicamente enquanto mantém uma postura do corpo relativamente fixa.

A contínua e lenta oscilação de baixa amplitude é comumente interrompida por mudanças posturais caracterizadas por movimentos rápidos e de grande amplitude. O estudo da postura ereta irrestrita de longa duração tem recebido menos atenção, particularmente, sob uma perspectiva biomecânica.


Os métodos para análise da estabilografia, são feitos observando as oscilações do corpo durante a postura ereta, pois usualmente investiga-se utilizando-se uma plataforma de força, um instrumento de medida sobre o qual os sujeitos permanecem em pé durante os experimentos. A variável mais comum para analisar esta oscilação é a posição do centro de pressão (CP), o ponto de aplicação da resultante das forças agindo na superfície de suporte. O deslocamento do CP representa uma somatória das ações do sistema de controle postural e da força de gravidade.

Devido à oscilação do corpo e às forças inerciais, a posição do CP é diferente da projeção do centro de gravidade (CG) sobre a superfície de suporte; o CG indica a posição global do corpo. A presente linha de pesquisa tem investigado diferentes métodos para a interpretação das variáveis CP e CG.

Biofeedback no controle postural é outro instrumento para o entendimento do controle postural. Atividades motoras mais específicas e complexas que requerem maior demanda do controle postural (no qual uma variável associada ao equilíbrio postural, o centro de pressão (CP), é mostrada como feedback visual ou auditivo) têm sido aplicadas em avaliação e reabilitação do equilíbrio postural com diferentes graus de sucesso. Por outro lado, o papel da informação visual durante o controle da postura permanece ainda não totalmente entendido.
Existe ainda uma relação entre a velocidade e a acurácia dos movimentos do corpo inteiro durante a postura ereta humana, pois desta forma pode-se perceber as deteriorações no controle postural. Relacionar com pessoas jovens e idosos para acompanhar o declínio na eficiência da postura ereta (Duarte, 2004)

A teoria do ponto de equilíbrio sugere que o sistema nervoso central (SNC) não controla os movimentos voluntários de um membro realizando cálculos de dinâmica inversa e gerando padrões apropriados de torques articulares, mas sim manipulando os estados de equilíbrio do sistema “membro mais carga”. Uma importante característica desta hipótese é que os músculos não são vistos como geradores de padrões de força, mas sim como geradores de campos de força elástica cujas propriedades são manipuladas pelo SNC (Duarte, 2004).

Podemos também nos referenciarmos sobre equilíbrio pelo conceito de estabilidade, já que estes estão intimamente ligados. Estabilidade seria o estado de equilíbrio, onde a resistência a aceleração linear e a angular, deveriam ser mencionadas, tornando o corpo com maior ou menor estabilidade.

Equilíbrio é um estado, estabilidade é uma condição de equilíbrio. Nos referimos a um corpo com melhor estabilidade de acordo com determinadas variáveis, sendo possível mensurar e qualificar.

Os princípios de maior ou menor estabilidade, estão de conformidade com algumas características:
1. Massa
2. Altura do CG
3. Base de sustentação e raio da base

Como a equação de equilíbrio dinâmico é massa e aceleração, quanto maior a massa de um corpo mais estável este estará. Pois maior aceleração será necessária para acelerar o corpo, sugerido pela segunda lei de Newton.

Da mesma forma, se há maior massa, maior será o atrito entre as partes, o que favorecerá a estabilidade do corpo, assim estes conceitos deverão ser aplicados para estrategiar os movimentos de acordo com a necessidade. Veja que determinados atletas deverão possuir grande estabilidade para vencer suas provas. Ex.: Lutador de sumo, judô, futebol americano etc.
Outras modalidades são mais interessantes se baixa estabilidade estiver presente, como em dançarinos e atacantes de futebol.

Não é a toa que as modalidades de lutas são divididas por categorias de massa, pois caso fosse universal, os de maior massa, já teriam uma vantagem sobre o oponente, não sendo avaliado então, a técnica do esporte e sim o quão estável está o corpo

A altura do CG em relação à base e um fator preponderante para a estabilidade de um corpo. Quanto mais alto, menos estável será o corpo, pois o torque irá aumentar pelo acréscimo da distância, favorecendo a queda do corpo. Da mesma forma, atletas de luta que necessitam se manter estáveis, dobram seus joelhos para abaixar o CG e se manterem em equilíbrio.
Imagine dois prédios com massas iguais e área da base também parecida, mas com alturas diferentes.

Perceba que o bloco a direita possui distância da base ao CG menor que o bloco da esquerda, logo é mais estável elo menor torque, ou seja, necessita de grande força para vence-lo e torna-lo instável.

O tamanho da base de sustentação é o terceiro fator que contribui para um copo estar mais ou menos estável. O tamanho é determinado pela área de contato com solo e usa-se a extremidade deste contato como limite.

Então, quanto maior for a base de sustentação, maior será a estabilidade de um corpo, pois a projeção do centro de gravidade recairá sobre esta, não havendo torque possível para movimentar o corpo em alguma direção. Veja que na posição bípede a projeção do CG está recaindo por entre os pés e a área de contato é o limite dos pés, estando então com boa estabilidade. Já na posição unipodal, a área é menor e o CG tem boas possibilidades de se movimentar para fora desta área, sendo então menos estável.
Talvez o que mais conta neste aspecto de área de estabilidade são os raios que se formam entre o CG e o limite desta área. Chamamos de localização horizontal do CG em relação à base de contato.

Veja que na situação onde ambos os pés estão em contato com o solo, os raios criados para todas as direções são aproximadamente do mesmo tamanho, isto implica em dizer que não há instabilidade para nenhum dos lados especificamente. Porém, no apoio unipodal, não houve alteração no raio ântero-posterior, mas redução no latero-lateral, o provocará instabilidade nesta direção.

Sendo assim, deveremos posicionar o CG de modo a minimizar as instabilidades em determinada direção. Um lutador ao se posicionar para lutar com alguém, este além de abaixar o seu CG também coloca um pé na frente e outro atrás, controlando a projeção do CG de modo a estar sempre distante do limite da base, para não ocorrer movimento angular e este se desequilibrar e ser alvo de uma queda.

Na maioria dos exercícios que ocorrerem oscilações em determinado plano, se recomenda o aumento da área da base e que posicione o CG de modo a minimizar a instabilidade.

Exemplo:
a) quando uma pessoa realiza uma flexão de ombros com um par de halteres simultaneamente, ao posicionar o halter no ângulo de 90º, o Cg foi projetado para além da base de sustentação o que acarretará um desequilíbrio nesta direção.

Esta postura provocará um aumento intenso da ativação muscular dos músculos posteriores, principalmente os eretores espinais para sustentar o corpo. A recomendação é o posicionamento os pés de modo a aumentar o raio antero-posterior, e com isso aumento da instabilidade nesta posição, reduzindo com isso a necessidade dos eretores em mantê-lo nesta postura. Fatalmente a tensão de compressão também será reduzida, pois quanto menor for a força adicional desta musculatura, menor será a compressão. b) Durante a execução da extensão de coxo-femoral unilateral em posição apoiada com os cotovelos e joelho oposto (3 apoios), a posição dos braços poderá ser diversificada.

Repare que nesta posição o joelho que está em contato com o solo, é naturalmente projetado para dentro, uma forma de aumentar o raio na direção do desequilíbrio.
A área da base para sustentar esta postura será na forma de um triângulo, com a projeção do CG para fora desta área em função da maior massa (somada a caneleira). Por este motivo é que a executante involuntariamente posicionou seu joelho como mostrado na figura. Para que o corpo não caie para o lado da sobrecarga, grandes tensões musculares contra-laterais deverão ser executadas, principalmente nos eretores da espinha. Nesta figura estão representados os apoios de cotovelos e joelho (circulo aberto) e a projeção do CG (círculo fechado). Reparem como o CG está próximo ao limite da área da base
A sugestão é a colocação da mão que está ao lado da coxa que se move apoiada mais adiante, desta forma a área será aumentada e o raio poderá ser crescido proporcionalmente.Veja que nesta posição sua estabilidade está bem arrumada e a tensão dos eretores provavelmente estará menor para sustentar a postura. Como a instabilidade é lateral, será necessário criar um raio maior para este lado, o que a posição da mão da forma com que aparece é bem indicada para proporcionar isto.

Para se medir a estabilidade e a evolução de sua perda, é necessário a mensuração através da estabilografia, pois sua análise é bem parecida com a de uma plataforma de força, pois consegue avaliar as oscilações do CG de forma gráfica. Este método ajuda a acompanhar as reduções no controle da postura em idosos. Em uma visão da reposta estabilográfica de uma pessoa em bipedestação aparentemente imóvel, é como na figura anterior, um rabisco oscilatório preferencialmente na direção ântero-posterior. Este rabisco poderá ser medido pela área da elipse ou através de outros métodos.
Para recuperar a estabilidade, existem três estratégias conhecidas:
1. tornozelo
2. quadril
3. passo.

Quando há uma perturbação pequena na estabilidade, a estratégia de tornozelo é o suficiente para controlar isto e manter o equilíbrio de forma satisfatória. Caso a perturbação for maior do que o tornozelo possa recuperar, o quadril será a próxima estratégia a ser adotada, visto que possui uma área maior de abrangência.
Caso seja inevitável manter a estabilidade com o quadril, pois a oscilação é muito grande, a próxima e última estratégia será o passo. Como estamos falando da pessoa poder rapidamente colocar um pé à frente antes da queda, espera-se que a área de abrangência seja ainda maior.
Muita das vezes a resposta muscular, às vezes não acontece na mesma escala, e o resultado poderá ser a eminente queda. Isto acontece principalmente em idosos, que com as perdas musculares já assegurada pelo envelhecimento, se tornam alvos fáceis deste tipo de episódio.]

A queda em idosos é a sétima causa de morte entre indivíduos acima de 75 anos, e estima-se que seja em função da redução na resposta do quadríceps.

Com o envelhecimento, os receptores articulares, localizados nas articulações distais, como o tornozelo, vão perdendo sua capacidade de informar sobre mudança de direção, velocidade, pressão entre outras. Ou seja, o idoso perde a sua sensibilidade de locomoção, o que fatalmente, quando houver uma perturbação, se torne necessário o uso do quadril. Porém esta estratégia aumenta o risco de queda, já que o descontrole leva a instabilidade invés da segurança do equilíbrio restaurado. Com isso é necessário acionar o passo, mas a velocidade de resposta também é lenta e a queda será eminente, resultando como dissemos anteriormente, em lesões graves ou até mesmo a morte.


A redução somatosensorial entre idosos é outro motivo de queda, pois o limiar de sensação de vibração cutânea é aumentado devido a neuropatias existentes, assim como a visão, pois pouca luz é transmitida para a retina, o que ocorrerá perda de sensibilidade em contraste, importante para o controle da postura.

As tonturas comumente percebidas nesta população, sendo um controle vestibular, são causadas pela perda de cílios e degeneração dos otólitos, o que acarretará esta redução de estabilidade.

O importante é saber que não há regras, e que o déficit é multi-sensorial, sendo então necessário estrategiar a redução desta perda.
As recomendações para o treinamento da postura são de forma ampla e multifacetária. No geral é:
· Treinamento generalizado;
· Treinamento de força (reabilita o equilíbrio)
· Exercícios de propriocepção

Uma das atividades mais indicadas para idosos é a dança. Pois através da dança, se treina a força dos segmentos, a potência aeróbia, a flexibilidade e principalmente a socialização. De certa forma, todas as estratégias foram bem treinadas. O importante é não deixar o idoso inativo. Porém, tome muito cuidado quando realizar exercícios com cunho lúdico (o que é recomendado) de forma a retirar a visão totalmente do idoso, como cabra-cega entre outros, pois isto poderá resultar em queda rápida. Procure colocar as barreiras de forma ajustada com cada etapa do programa.

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