domingo, 24 de maio de 2009

Doença de Parkinson e Exercícios Físicos

Encontrei um trabalho muito interessante publicado recentemente na revista Brain & Cognition. [Benefits of physical exercise on executive functions in older people with Parkinson’s disease. Brain and Cognition 69 (2009) 435–441] Este trabalho foi realizado por pesquisadores brasileiros da UNESP e investigou o efeito do exercício físico sobre as funções executivas de pacientes com doença de Parkinson.
O que eu achei mais legal foram os fundamentos teóricos e as evidências que justificam os benefícios dos exercícios físicos para a saúde do cérebro. Eu não vou traduzir na íntegra este artigo, mas vou comentar as passagens que eu considero mais interessantes. Quem quiser ler,  baixe aqui o artigo.
Então vamos começar com uma pequena definição: O termo funções executivas (FE) designa os processos cognitivos de controle e integração destinados à execução de um comportamento dirigido a objetivos, necessitando de subcomponentes como atenção, programação e planejamento de seqüências, inibição de processos e informações concorrentes e monitoramento. O lobo frontal, particularmente a região pré-frontal, tem sido relacionado com essas funções. Aqui temos o primeiro fato interessante do artigo. Ora, aprendemos na faculdade que a doença de Parkinson afeta a substância negra (mesencéfalo) relacionada aos movimentos voluntários, cursando classicamente com bradicinesia, tremor de repouso e rigidez plástica. Mas agora fica a pergunta: Como a degeneração de uma estrutura subcortical é capaz de afetar funções cognitivas relacionadas ao córtex cerebral ?
Pois bem, eu não sabia, mas a degeneração da substância negra e a conseqüente redução da atividade dopaminérgica afeta o funcionamento da via Nigro-estriatal e das vias do núcleo de Meynert . Estas duas vias possuem conexões com o córtex cerebral e portanto são capazes de influenciálo. A degeneração destas vias tem importantes repercussões neurofisiológicas como:
(a) A ruptura do circuito nigro-striatum-thalamus-cortical o qual interconecta o striatum ao córtex pré-frontal
(b) Causa déficits colinérgicos relacionados à degeneração dos neurônios do núcleo basal de Meynert e dos neurônios segmentais do tegmento pedunculo pontino-lateral .
O segundo fato interessante deste artigo é a descrição de como exercícios físicos beneficiam a função cerebral. São citados 6 trabalhos que sugerem que o exercício físico regular é capaz de:


(1) induzir fatores neurotróficos que beneficiam neurônios glutamatérgicos, os quais influenciam o aprendizado, função e possui efeitos angiogênicos.

(2) Promover a neuroplasticidade, e

(3) melhorar a função cognitiva.



Assim, a resposta à pergunta: Exercícios físicos beneficiam a Função executiva de pessoas com Parkinson? Pode ter um efeito direto sobre intervenções que visem prolongar independência e autonomia destes pacientes. Neste sentido exercícios físicos poderiam ser um fator contribuinte na lentificação do declínio cognitivo destes pacientes, e portanto de grande impacto para a qualidade de vida destas pessoas.
Ah! Quase esqueci da conclusão.
O estudo conclui que 6 meses de exercícios físicos regulares é capaz de beneficiar a função executiva de pacientes com Parkinson.


Fonte: http://fisioterapiahumberto.blogspot.com/2009/03/doenca-d-eparkinson-e-exercicios.html

2 comentários:

  1. Olá. estou a fazer um projecto tecnológico sobre a doença de Parkinson. Por isto gostaria que me enviasse o artigo para Katia_keke@hotmail.com . Este projecto permite-me concluir o 12ºano. Aguardo uma resposta o quanto antes.

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  2. gostaria muito de algum material sobre geriatria.
    alguém pode me ajudar?

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